Casa Jorge Amado

Casa Jorge Amado

 

A família de Jorge Amado morava numa fazenda próxima ao atual Distrito de Ferradas, município de Itabuna, em 1912, quando nasceu aquele que se tornaria o maior escritor da região cacaueira. A fazenda chamava-se Auricídia, que se transformou no nome da esposa de um personagem do autor, no livro Terras do Sem Fim.

Em 1914, quando o pequeno Jorge estava com menos de dois anos de idade, o rio Cachoeira enfureceu-se, provocando uma das maiores enchentes de sua história.

Com este fato, muitas pessoas perderam suas plantações de cacau, dentre elas o coronel João Amado de Farias, pai do escritor, que mudou-se, então, com a família, para o bairro do Pontal, na baía do mesmo nome, arredores da cidade de Ilhéus. Empobrecidos, tendo perdido tudo, montaram uma fábrica de tamancos, passando a sobreviver da renda do pequeno empreendimento. Com as economias poupadas comprou uma casa pobre, neste mesmo lugar, que tinha apenas uma porta e uma janela. Passado o tempo, João Amado tirou o primeiro prêmio da Loteria Federal, mandou construir no local do modesto barraco, o belíssimo palacete, com 582 m2, que abriga hoje a Casa da Cultura Jorge Amado.

A construção teve início em 1920, sob o comando de Maximiano Souza Coelho, e o prédio foi inaugurado em 1926. A casa não tem um estilo próprio, sendo considerada eclética, com mistura do neoclássico e do colonial, na verdade, uma mistura de estilos. O piso é todo original, a madeira da casa é jacarandá trabalhado, madeira própria da região, de baixo custo e alto valor. Era muito usada nas casas, por trás das janelas, porque ficava inviável utilizar cortinas em tecido, já que todo tecido existente naquela época, em Ilhéus, era estrangeiro. O lustre da sala principal é de vidro, não é cristal verdadeiro, não é o original, mas é da época.

As bandeiras das portas são trabalhadas em ferro fundido, estilo neoclássico francês. Existem também as bandeiras de vidro colorido em estilo colonial. O mármore da casa veio de Carrara, na Itália. Era muito encontrado e utilizado na época, de fácil aquisição, porque por Ilhéus passavam navios estrangeiros. O piso é todo original em jacarandá e vinhático, formando quadrados em duas cores, trabalho bastante utilizado na época. Os ladrilhos que ornamentam a varanda são da época, em art-nouveau ingleses. Apresentam motivos náuticos e florais: barcos e orquídeas.

Em 1988, a Casa foi doada ao Município, pelo Estado, foi tombada e inaugurada em 27 de junho de 1997, com a presença do próprio escritor e de sua família. Nesta casa Jorge Amado escreveu O País do Carnaval.