Inocência Religiosa

Inocência Religiosa

Há muitos anos passados, acontecia no nordeste do Brasil, um fato inusitado; como as pessoas não tinham muito acesso as informações religiosas, qualquer um que se auto-denominasse da Ordem Sacerdotal Religiosa, era logo acolhido pelas pessoas do lugar. Dessas pessoas, podemos especificar muito mais dois grupos: As solteironas que queriam encontrar maridos “ainda que fossem os ditos padres” e as chamadas beatas, que por sua vez queriam tirar uma “casquinha” dos santos homens. Não se tem nenhuma notícia, que alguém se atrevesse a se auto-ordenar da patente de Bispo para cima.

Um dos fatos, que mais se tem notícia, aconteceu lá pelas bandas de uma pequena cidadezinha, de nome bastante curioso... que se chamava Buraco do Capão Redondo, Nesta pequena cidade, que hoje em dia não existe mais lá pelas bandas de Alagoas, apareceu um dito padre por nome de Juvêncio da Ordem III de São José de Anchieta, um homem que na década de setenta, nem Beato era, e esse cidadão já o tinha santificado; porém voltando a história, ele se passou por alguém da Ordem Presbiteral por dois motivos: O primeiro para se dar bem com as meninas, pois de “falsa aparência” ele não era. Afinal já tinha diversos “quebra-galhos”; e o segundo de tão trambiqueiro que era, estava fugitivo da polícia e precisava se esconder!

Por sorte ia passando pela estrada que passava para chegar aquela pequena e humilde cidade, que só para se ter uma idéia, só tinha apenas uma rua, a que se entrava e saía por ela. Ao encontrar o padre que já se encontrava moribundo, ouviu suas ultimas palavras, que foram: - Oh, meu filho, foi Deus quem o enviou por aqui, estou me dirigindo a esta cidade logo aí em frente e acho que não chego com vida. Você pode ter a gentileza de avisar as pessoa – e morreu; na mesma hora e o safado retrucou: - Pode ter sido Ele quem me enviou, porém deve ter sido Ele, quem o levou –  e deixou o coitado do homem lá jogado ao léo.

Enquanto caminhava o maldito ia tramando como teria que chegar na cidade, para a grande infelicidade das pessoas, o bandido que hoje se tornara, quando criança foi um belo “pé de hóstia”, traduzindo, ele foi coroinha e com isso conhecia um pouco do ofício clerical.... primeiro arrumou um nome, resolveu chamar-se Juvêncio, tinha que arrumar uma ordem, e ele mesmo criou a Ordem III de São José de Anchieta, colocou a Batina e chegou na cidade cheio de pompa, pois antigamente as pessoas respeitavam os padres quando apareciam nas comunidades, e quanto mais humilde era, muito mais respeito.

Passado o primeiro mês o falso padre chama uma das mais belas moças daquela cidade para digamos “se confessar” com ele e aí quando a moça contou-lhe o pecado ele dando uma de espertinho, disse que a moça só iria ser purificada se a mesma se mostrasse como veio ao mundo. A moça temendo ir para o inferno assim fez... ele comentou.... – Nossa..... desse jeito, se ela dor mesmo para o céu... lá não será mais o céu mesmo! E assim o falso padre fez, com várias donzelas, daquela região. A desculpa era sempre a mesma, aquelas meninas nunca paravam de pecar e tinham que ir na igrejinha da vila se “confessar!”.

Foi aí que no belo dia de quinta-feira, Dona Cremilda uma das beatas, mas devotas da cidadezinha, muito inocentemente vendo sua netinha de apenas 15 anos, nervosa, perguntou aquela bela e atraente menina, o porque de tanto nervosismo e ela respondeu – Sabe o que é vovó, hoje eu tenho que me confessar com o padre e segundo contam, mesmo que a gente não tenha pecado ele dá sempre uma penitência pra gente” – Aquela senhora que mesmo sendo beata, não era nem um  pingo besta, virou-se para a netinha e disse calmamente: - Pois hoje, você vai se confessar com ele, e não se incomode, que nada vai lhe acontecer, independentemente do tamanho do seu pecado. – E as 19h30 a jovenzinha saiu de sua casa em direção a Igreja, e logo chegando se aproximou do confessionário; Ao vê-la, o Padre Juvêncio não hesitou em perguntar-lhe o nome, e a jovem respondeu – Maria da Glória, - Rapidamente ele a convidou a entrar no confessionário, dizendo ser ela uma garotinha muito especial para Deus.

Neste mesmo instante, Dona Cremilda “armada” com todo o tipo de devoção que tinha, incluindo o seu terço, se dirigiu até a Igreja, e não pensou duas vezes, que ao chegar lá foi direto ao Confessionário, no exato momento em que o falso padre mandara sua inocente netinha  ficar como veio ao mundo; foi nesse momento que a avó da menina abriu a cortina e esbravejou todo o tipo de excomunhão  e de pauladas para cima do tal padre Juvêncio da Ordem III de São José de Anchieta, que na verdade se chamava: Antônio José Leopoldo da Silva.

Este porém meus amigos é apenas mais um conto de nossa humilde autoria, qualquer semelhança, será uma mera coincidência, com nomes, fatos e lugares aqui descritos.