Igreja de São Jorge

Igreja de São Jorge

 

A vila fundada por Francisco Romero recebeu o título de São Jorge em honra do santo do nome do donatário, Jorge de Figueiredo. Instalada definitivamente a sede da capitania ficou sendo conhecida por São Jorge dos Ilhéus.

Opina-se que Romero chegou em janeiro de 1536. O primeiro povoamento estava sobre o morro de São Sebastião. No centro da povoação foi construída uma capelinha, que não podia ser a mesma da igreja de São Jorge. Com certeza era a capela de São Sebastião.

A Igreja de São Jorge foi inaugurada em 1556, construída com pedras de cantaria. Atualmente é a mais antiga igreja da cidade de Ilhéus. Tantas vezes é criticado o sentimento religioso do povo que recorre às suas devoções especialmente em casos de calamidades públicas para pedir a proteção dos seus santos e protetores. “É o caso de São Jorge, invocado pela população de Ilhéus para debelar a seca tanto através de rituais católicos como de cultos do candomblé por ocasião da chegada da tão esperada chuva, como deixou registrado Jorge Amado:

“Não se ouvia senão bendições àquela chuva.

Aquela segunda noite foi iniciada com uma bênção às seis horas, rezada na matriz de São Jorge pelo Bispo. As velas ardiam nos altares, ardiam nos pés do santo guerreiro, que simbolizava tão bem aquela terra recém-chegada das lutas da conquista, ardiam em agradecimento pela chuva que chegara. A bênção era mandada rezar pela Associação Comercial de Ilhéus, em nome dos fazendeiros e exportadores. Agradeciam ao santo padroeiro a chuva que possibilitava a floração das roças, o amadurecimento dos frutos, como agradeceriam depois o sol que permitia a secagem do cacau nas grandes barcaças.

O Bispo rezava suas frases latinas, as moças do colégio das freiras cantavam no coro da igreja, enquanto sóror Maria Teresa de Jesus tocava o órgão que a firma Zude, Irmãos & Cia oferecera à matriz.

O bispo elevou as mãos ao céu, lançou a bênção sobre as cabeças que se curvavam. Depois rogou pelo bem estar do seu rebanho, pelas boas colheitas, e pela devoção espiritual dos ilheenses.

Essa bênção não foi, no entanto, a única festa religiosa desta noite. Enquanto os coronéis e os exportadores acendiam velas no altar de São Jorge, negros do porto que carregavam navios, malandros que viviam das sobras do cacau, fizeram uma festa a Oxossi, que é o São Jorge dos negros. Foi em Olivença, na ilha do Pontal, onde vivia Salu, pai de santo”. (Jorge Amado, São Jorge dos Ilhéus, São Paulo, Livraria Martins Editora, 1957, p. 225)

“Poucos anos depois, com a fartura das safras de cacau, ocorreu nova grande solenidade em honra de São Jorge, assinala ainda o mesmo escritos baiano:

“As festas de São Jorge, nos começos da terceira safra de alta, foram de uma magnificência nunca vista antes. A nova matriz estava quase pronta, a missa já era rezada ali, dali sairia a procissão. Veio muita gente das roças, de Itabuna, dos povoados, de Itapira.

A procissão saiu às cinco horas. Na hora da bênção, o Bispo agradeceu a São Jorge a riqueza  com que presenteara a sua cidade de Ilhéus, e abençoou os fieis. Os sinos repicavam mais uma vez”. (Jorge Amado, o. c., p. 300-301)” [1]


[1] Riolando Azzi, o. c., p. 348-349.

 

HINO DE SÃO JORGE

1.Ó valente soldado romano, mais valente soldado da Cruz!

Tu venceste os ardis do tirano, deste a vida por Cristo Jesus.

Vem São Jorge acudir o teu povo, contra a insídia do fero Dragão.

Refalsado ele ataca de novo, na heresia e no culto pagão.

2.O teu sangue orvalhou Nicomédia, arrancando-a ao poder de Satã.

E na Ilíria e Dalmácia e na Média floresceu a seara cristã.

3.Quatro séculos já se escoaram, desde o dia no qual nossos pais

a São Jorge esta Igreja sagraram em tripúdios de fé sem iguais.

4.Teu louvor nunca foi interrompido, Santo Mártir,

no povo de Ilhéus fiel sempre e cristão destemido, pois que velas por ele nos céus.

5.Teu constante favor, tua benção, este povo bem sente e bem vê.

Sê, tu, a guarda à pureza da crença e ao tesouro divino da Fé.