Os Políticos São Contra ou a Favor da Família?

De todos os discursos vazios em debates entre presidenciáveis ou no horário eleitoral, o que menos entendo é quando os candidatos usam os segundos de TV para dizer que apoiam a família.

Desde pequeno que tento entender o que um político quer dizer quando afirma que apoia a família ou que é a favor da família. E alguém é contra?, eu pensava. Acreditava que com o fim do plano Cruzado esse discurso desapareceria. Não desapareceu.

Enfim, essa é uma questão que ainda não entendi direito. Racionalmente, nenhum candidato vai se dizer contra a família, certo? Então quem ameaça a família, afinal? Essas coisas o Globo Reporter não investiga.

Outro dia, uma tiazinha com cara de lêmure, perto do metrô Saúde, dizia que a família estava ameaçada. Sim, sem dúvida ela parecia possuída por uma entidade, mas acreditei nela uma vez que há cada vez mais candidatos dizendo a mesma coisa.

Observe bem para a cara de políticos que se dizem a favor da família. Percebeu? O que querem mesmo é regulamentar a vida privada, criar projetos de lei para controlar a sua família. Quando dizem que defendem a família, o que querem é regular o que o seu filho deve comer, o que ele pode ler e assistir, como ele deve ser educado, o brinquedo com que ele pode brincar e proibir cenas de peitinho na TV antes do horário das crianças dormirem. Às vezes lemos no jornal sobre essas leis sem olharmos direito para a cara dos políticos que as criaram. Pois não deveríamos.

Joguem no Google Images: Anderson Ferreira, do PR - aquele que quer criar o Estatuto da Família, determinando família como a união entre homem e mulher - e olhe bem para a cara dele. Ou Jorginho Mello, que tem um projeto de lei para proibir a comercialização de andadores de bebês. Melhor, põe Luiz Carlos Hauly, o autor do projeto que acabou com a propaganda voltada para o público infantil.

Se as pessoas tivessem o hábito de olhar para a cara dessa gente antes de votar, jamais deixariam que essas leis fossem aprovadas. Pois basta olhar para a cara de políticos para perceber que uma criança estaria ameaçada se estivesse sozinha numa sala com essa gente. A maioria das leis não seria aprovada se nos interessássemos em olhar para a cara dos deputados.

Se tem alguém que ameaça a família são os próprios políticos. Por exemplo, em São Paulo a Câmara Municipal havia aprovado uma lei que proibiria a venda casada de brinquedo com comida. Não importa o que um pai pense sobre os brindes do Mc Lanche Feliz e muito menos interessa a vontade da criança. Do pai seria tirada a liberdade de decidir o que comprar para o filho se o prefeito não vetasse o projeto. Quer dizer, é o Estado como tutor querendo substituir o papel da família, decidindo o que é melhor para ela.

Nada ameaça mais a família do que políticos que dizem defender a família.

Se não confiaria um filho seu para passar alguns minutos na presença dessa gente, não confie para criar projetos de lei que regulamente a sua família.

Agora, se defender a família é lutar contra a regulamentação da vida privada, bem, aí eu quero me alistar. Essa é uma luta pela qual vale a pena procurar as chaves para sair de casa.

Fonte: Yahoo Notícia